Ora muito bem, aqui fica um daqueles posts que aparecem do nada, sem mais nada, porque sim. Porque o restaurante Ambiente com sabores me desiludiu.

Dissabor é um desgosto. É um sentimento que surge aquando de uma frustração em algo que era expectável ser de particular agrado. Aconteceu no Ambiente com sabores.

Há na ilha Terceira, nos Açores, mais precisamente em Angra do Heroísmo, um restaurante que dá pelo nome de Ambiente com sabores. Ao procurar um sitio para jantar, e tendo muito boas sugestões mas todas elas fora da cidade, optei por visitar o Trip Advisor e ver que ideias ele me daria. Ainda que a referência ao Ambiente com sabores não fosse a melhor (a primeira review tinha como titulo “A não voltar”) resolvemos ainda assim ver como era. Fica relativamente perto do hotel onde estamos alojados e ao passar à porta, pareceu agradar (não olhámos para a entrada convenientemente, mas já lá iremos).

Subimos umas escadas ao primeiro andar. A primeira pessoa que encontrámos foi a quem dissemos “Somos 3 para jantar”. Não tivemos uma resposta mas fomos “apontados” a outra pessoa que aparentemente nos iria receber. A primeira desapareceu entretanto.

Foi-nos dito para escolher mesa, se preferíamos alguma sala em particular. “Não conhecemos o restaurante, se nos quiser mostrar as salas…”. Passada a primeira e a segunda, uma terceira nos agradou. Ainda nos foi sugerido que ficássemos noutra “mais fresca.”, mas gostámos daquela.

Sala no Ambiente com Sabores

A sala com estilo. Vermelhos, pretos e brilho de metal, a colmatar nos candelabros das mesas que davam um toque de requinte, convidavam a ficar. Já a pessoa que nos acompanhou à mesa, nem por isso. Adiante. Enquanto esperávamos a ementa comentámos os marcadores de mesa. Marcadores de metal são um elemento de brilho que funde conceitos urbanos e rústicos de uma forma que costuma funcionar no entanto carregam um problema com eles. Com relativo uso, tornam-se feios, “usados”. E se o estilo funciona num conceito mais rústico, deixa de funcionar no tal conceito urbano.

A ementa chegou. Cada um dos pratos vem com uma descrição quase poética, daquelas que enche os olhos. Entradas, quatro pratos principais de peixe e outros tantos de carne. Nestes bifes e no peixe a comum Abrotea em filete, o Veja, um Polvo salteado e Rosbife de Atum.

Passou-se tempo suficiente para comermos uma boa entrada antes que nos fosse perguntado o que queríamos comer. De entrada “Lombinhos de Chicharo dos nossos mares sobre bolinhos de milho com chouriço regional regados com escabeche de legumes, laranja e Açaflor”. Pedimos também o “Polvo Salteado em Alho Francês, as Batatas e umas Castanhas, a Salada e seu Molho” e “Rosbife de Atum em Crosta de Sésamo sobre Tetragonia Salteada, Batata Doce Assada e Compota de Tomate Picante”. Para a miúda, um prato do menu infantil que dava pelo nome de “Dona Clotide”, bife de frango com tagliatelle.

Alguns, largos, minutos depois, vem a nota da cozinha: “Atum não temos. Quer outra coisa?”. Esta seria a altura correcta para sair, só pela atitude mas enfim… Pedi a carta novamente. A pessoa que nos estava a atender estaria certamente convencido que eu tinha decorado toda a ementa anteriormente. A carta foi deixada na mesa junto com a de vinhos que entretanto também tive que pedir e quem nos servia voltou a desaparecer. Não sei se 10, se 15 minutos, foi o tempo que demorou até que voltasse a nós. Estaria o prato do primeiro pedido a ser feito? Pedimos outro prato de Polvo.

Queixas de restaurantes? Ainda antes da comida chegar?

Entretanto, nas mesas em redor que foram sendo preenchidas, notava-se igual desconforto. Clientes locais, comentavam o incómodo do tempo a que estavam já à espera sem serem atendidos ou à espera de comida. Vi mais do que uma vez quem se levantasse em direcção à sala de recepção. Iriam procurar alguém que os servisse? Talvez. Vinham sempre acompanhados.

Vem a entrada. Os lombinhos de Chicharro são uma boa aposta da casa mas o escabeche de legumes ganhava a ser substituído por uma salada fresca. É só não aquecer os legumes ok?

Lombinhos de Chicharo no Ambientes com Sabores

Eis que surge o frango. Seco. Muito seco. E nada mais a dizer.

Chegou mais tarde o polvo. Ainda que ambos os pedidos fossem iguais, quase não o pareciam. Os cortes do Polvo eram diferentes o quanto baste para ter tal impressão sem ser necessário reparar nas folhas de vegetais que compunham os pratos e que em cada um continham espécies diferentes. Cortes à parte o molusco estava saboroso, nem muito rijo nem feito em papa mas já as castanhas que o acompanhavam estavam secas por demais e as batatas cozidas pouco ou nada acrescentavam ao prato. As queixas nas mesas circundantes continuavam. Pratos a chegarem sem tão pouco ter por lá passado o couvert? Nem um pedaço de pão para a história?

Polvo no Ambientes com Sabores

A noite já ia longa. Pedimos a carta novamente para escolher uma sobremesa e a escolha recaiu sobre o “Pudim de Queijo com Crumble de Amêndoa e Calda de Castanhas”. O que nos foi servido foi essencialmente uma Panna Cotta com duas castanhas (que se quentes custavam a digerir, geladas tornavam a tarefa muito mais difícil), migalhas de algo que não conseguimos descortinar (deusas, Crumble não é sinónimo de migalhas) e uma calda que podia ser agua de cozer castanhas com açúcar. Se era? Não sabemos.

Pudim de Queijo????

Pedimos a conta. Cerca de 7 minutos depois, e na falta de quem viesse trazer a conta, fomos nós até ao balcão. Abro a carteira e tiro o multibanco. “O Multibanco está fora de serviço.“. Ao ouvir isto, e depois da experiência só me restou dizer que nos podiam ter informado antes. A resposta foi um lacónico “Está afixado à entrada!”.

Multibanco fora de Serviço?

Tendo a certeza de não ter visto tal anuncio, sai para levantar dinheiro na caixa mais próxima e ao regressar vejo o anuncio diminuto preso num placar onde se encontram muitos outros anuncios sobre as mais variadas coisas, a comum placar para onde ninguém iria olhar. Subo novamente ao primeiro andar, e ao pagar faço questão de referir que ninguém veria o tal anuncio. Tive silêncio por resposta. Perante tal indiferença disse que eu faria questão de dizer ao mundo que o Multibanco não funcionava. Isso e muito mais. Um olhar de soslaio e um “humpf” foi o que ganhei.

Gerir um restaurante não é só comprar toalhas bonitas e encher a dispensa. É também escolher os empregados.

Curioso foi o facto de outro dos empregados do restaurante estar mesmo atrás, ter ouvido os comentários e não ter perguntado ao menos o que se passava, qual a razão do desagrado. Talvez pela mesma razão pela qual ninguém pergunta se está tudo bem ou se ficámos satisfeitos…

Por esta experiência pagámos 69.60 euros. E nem a porcaria da vela (já quase queimada) no candelabro da mesa me acenderam?

Para ser diferente não é preciso muito. Basta fazer asneiras que os outros ainda não tenham feito. Mas fazer asneiras comuns? Isso não basta para ser diferente. É parvo. Só isso. E se isso não é bom em lado algum, numa ilha pequena como esta será pior ainda. Quanto tempo demora até que toda a gente conheça o serviço? E depois? Quando já ninguém quiser voltar?

Restaurante Ambiente com sabores
Não interessa o resto. Se quiserem saber onde é, procurem. Não vou correr o risco de depois dizerem que fui eu que vos indiquei a morada.

Há quanto tempo não vos escrevo aqui sobre descobertas gastronómicas? Muito, eu sei. Pois então, que um regresso às palavras em torno de sabores e encantos, seja marcado por um novo favorito na cidade de Lisboa: Populi.

Que se diga desde logo que, não será um restaurante para jantar todos os dias. Também serve pequenos-almoços, almoços e lanches e sobre esses ainda não vos sei o que vos dizer mas, sobre jantar, que fique assente: uma experiência a recordar. Pela positiva.

Noites de Agosto em Lisboa.

As noites de Agosto em Lisboa são dadas a estas coisas do comer com tempo. A renovada Praça do Comercio chama à visita, seja para a mera contemplação de uma serenidade que se agradece ao final do dia, olhando o rio, ou seja (e foi o caso) para a descoberta de um bom sitio para amesendar, comemorando os 13 anos de partilha a dois que o casamento consagrou a 07 de Agosto de 1999.

Assim, após a visita às vistas, às esplanadas e salas de porta aberta, optámos por experimentar o restaurante Populi, junto ao torreão Nascente da atrás referida Praça. Em boa hora o fizemos.

Num fim de tarde ainda soalheiro, escolhemos a sala ao invés da esplanada. A ocasião merecia uma solenidade diferente e uma atenção de maior monta que uma esplanada não garante. Recebidos à porta, é dada a escolha da mesa numa sala elegantemente decorada, ladeada por um balcão bar (e acesso guichet à cozinha) à esquerda de quem entra e uma garrafeira à direita, com tons castanhos a imperar pelas mesas desnudas de acessórios têxteis.

Escolhida a mesa e trocado o lugar (ele há raios de Sol inconvenientes mesmo dentro paredes), mostra-se muito prestável o serviço, de imediato propondo algum aperitivo enquanto se visita a carta. Optámos pelo clássico Martini que, por gosto pessoal seria branco.

Chega por essa altura o couvert à mesa, fazendo marcar a presença por umas azeitonas verdes geladas (é uma escolha e não um defeito), uma manteiga de ervas verdes (coentros?) quente e forte como na nossa opinião deve ser (de nada valem as ervas se só servirem a vista deixando o paladar e o olfacto ansiando por algo que não chega) e um azeite bem escolhido e bem temperado de balsâmico ao fundo, cuja suavidade só pedia que não se deixasse gota no vaso.

Chega a altura das entradas. Escolhidos entre uma oferta generosa foram os Peixinhos da Horta e os Ovos Revoltos com Farinheira. Se aos primeiros nós teríamos poupado alguns minutos de fritura (evitando um suave gosto a fumo) já nos segundos a única coisa que eu mudava seria o nome e passariam a Ovos Mexidos em vez de Revoltos. Quanto ao resto, no ponto certo e bem prendados que é como quem diz, com farinheira em dose abundante mas ainda assim, bastante equilibrada.

Ovos Revoltos no Populi

Passemos aos pratos principais do jantar.

Dos “Comeres do Mar”, coisas de peixes no entendimento da casa, veio para a mesa o Bacalhau Confitado com Puré de Grão e Bok Choy. Concordo com eles no ponto de que as coisas devem ser chamadas pelos nomes e Bok Choy é bem mais sexy do que couve chinesa. Em dois pedaços, peixe claro, fresco e suave, soltando a lasca com a goma certa. O puré servido na dose certa (que o grão pesa) e a dita couve oriental a dar o travo a grelo que refresca. A apontar só o caldo (que talvez se fizesse notar mais pela forma do prato) que em demasia levava ao diluir do puré mais rapidamente que o desejável. Ainda assim, a não esmorecer.

Já a carne, ou “Comeres do Prado”, se fez presente em forma de Lombinhos de Porco Preto Crestado em Molho Romesco. É um lombinho para ser mais correcto, mas bem presente. Uma cama de pequenas batatas novas, chalotas e Bok Choy a riscar de verde, tinha como base maior o tal Molho Romesco, que perante a pergunta de quem agradado não conseguia identificar o gosto picante do mesmo, lá me esclareceram que se tratava de um puré à base de tomate e pimento. A receita tradicional do dito molho, vim hoje a saber, tem também uma base de amêndoa. Pensando nisso, talvez estivesse presente. Não afirmo.

Lombo e Bacalhau no Populi

De uma apresentação muito cuidada ao sabor excelente, tudo estava no ponto certo.

Refeição acompanhada de uma sangria de espumante e frutos vermelhos (a moda não passa e ainda bem), sobre uma Aliança nacional. Esteve fresca e muito bem apresentada.

Chegada a hora das sobremesas, secundados pela opinião do Artur (chefe de sala?) escolhemos O Melhor Gelado de Chocolate do Mundo (sim, o nome não é coincidência) e o Crumble de Pêra. Quanto ao gelado, uma textura suave que ao derreter deixa chegar ao tal chocolate e à fina bolacha que o acompanha. Uma surpresa mesmo para que não é admirador convicto do dito doce. Já o Crumble chegou em dose generosa (e ainda bem pois o sabor pedia sempre mais uma colherada) e com uma apresentação cuidada, dos mirtilos ao suave doce que pintalgava o prato.

O café e o garoto clarinho viram a sua hora e, como já não nos admiramos, veio de seguida a pequena chávena só com leite quente pois a gota de café no “clarinho” tende sempre a ser não uma mas várias. Não é grave.

Finalizou o repasto, um muito floral e cítrico Moscatel Roxo José Maria da Fonseca (penso que se tratava de uma Colecção Privada Domingos Soares Franco) que veio a calhar como pièce de résistance (eu queria mesmo escrever isto, a sério), num estar que em tudo foi excelente.

Num ambiente sofisticado, o serviço foi exemplar. A presença em sala de quem acompanhava os Clientes, fosse junto à mesa ou no acto da recepção, sentia-se sem se fazer notar o que ajuda bastante à descontracção que se espera num bom jantar a dois.

Detalhes como a chegada do proprietário aquando do surgimento da musica (os oitenta em jazz vocal são sempre bem vindos) mostram que a casa é nova. O Chef que se ouve na cozinha a chamar pelo serviço mostra por sua vez que a dinamica está ainda a ser definida mas, tudo isso faz parte de um processo que, a ser correctamente afinado, pode garantir a presença do Populi durante muitos e bons anos na emblemática praça lisboeta.

Não é barato. Escrevi lá em cima que o Populi não é um restaurante para jantar todos os dias. Mas a ocasião pedia algo diferente e aqui a diferença fez-se notar.

Restaurante Populi Caffé & Restaurant
Tipo de cozinha: Fusão, Internacional, Portuguesa
Horário: Das 09:30 às 02h00.
Preço médio: 25€
Morada: Praça do Comércio, Ala Nascente, 85/86
1100-148 Lisboa
Telefone: +351 916 722 753
Site: http://www.populi.pt/

Perguntei um destes dias no Twitter, onde comer em Vila Franca de Xira. As respostas foram parcas mas uma referência em comum aparecia em destaque: O Forno. Ainda que sem grandes detalhes, só me diziam que por lá se comia bem…

Chegados a Vila Franca, arrumadas as malas no hotel, entendemos por bem ouvir uma ultima opinião e perguntámos à recepcionista por um bom sitio para comer. Tendo em conta a resposta, não havia lugar a dúvidas: O repasto dessa noite seria no restaurante O Forno.

A porta fechada deixava ver lá dentro três ou quatro mesas ocupadas. Uma familia estrangeira, um casalinho de uma certa idade, um jantar de negócios entre dois velhos amigos (assim parecia) e um comensal solitário. Havendo mesa para tão diversos gostos, era um bom sinal de que haveria mesa para nós também.

Bem vindos. Mesa pronta de pão, queijo, azeitonas e um prato de melão maduro e presunto. Ficámos pelo pão com manteiga que de quando em vez vinha brindado com pequenos pedaços de chouriço. Guloso quanto baste.

Com a farta carta que nos foi apresentada, o problema colocava-se na escolha e a interrogação a quem nos servia deu, como era de esperar, frutos proveitosos.

Um arroz de tamboril com gambas para primeiro prato e uma espetada de lombo de porco para segundo. Sem grandes delongas nos foi servido o arroz do tal peixe que em fartura e apresentava tal como as gambas que compunham o nome do prato. Muito boa dose de arroz solto e bem apurado, onde o gosto picante que se quer neste prato dava cartas pelo tão certo que estava. Por pouco se alvitrava a possibilidade de a refeição ficar se por ali de tão satisfeitos que estávamos mas em boa hora, quem acompanhava a mesa se acercou perguntando se se mantinha o restante pedido. A casa sabe o que serve. Mantém-se pois então.

Terminado o arroz de tamboril chega então a espetada. Servidos no espeto pendurado, generosos nacos de lombo de porco entremeados com umas rodelas de chouriço que os temperavam, deixavam pingar o excesso de sabor sobre uma cama de batatas fritas caseiras que se faziam acompanhar de um clássico molho cocktail e um extraordinário molho de manteiga e alho, verde pelo tempero da salsa. A carne em si? Tenra e muito saborosa.

Regou-se a refeição com outro dos nossos gostos clássicos, um Quinta de Cabriz Reserva pois não nos pareceu desajustado tendo em conta que outras escolhas da carta estavam talvez um pouco esticadas no preço.

Por difícil que fosse, tal repasto não se poderia ficar sem uma sobremesa. Entre doces clássicos da restauração nacional e fruta, resolvemos aceitar a sugestão da casa e arriscar “a especialidade”: Um pêssego descascado. Nada de mais se este não fosse tão saboroso e se não se fizesse acompanhar por duas enormes bolas de gelado e algumas folhas verdes cobertas de compota de morango. Um festim à vista e ao paladar também.

A única mancha da noite foi o já famoso e famigerado “garoto clarinho” que não só estava escuro como tinha o leite azedo. Conta acertada e desculpas presentes, a noite terminava ainda assim com a garantia de que voltaremos ao “O Forno” e que estas palavras seriam escritas. O seu a quem o merece.

Restaurante O Forno
Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Das 12:00 às 15:15 ao almoço e das 19h00 às 22:00 para jantar.
Encerra à Terça-feira
Preço médio: 25€
Morada: Rua Doutor Miguel Bombarda 143
2600-195 VILA FRANCA DE XIRA
Telefone: +351 263 282 106

Quantos de entre os visitantes habituais do browserd.com me perguntaram já pelas reviews de restaurantes deste ano? Ora aqui fica uma em jeito de bom começo. E que bom digo eu. Leiam e digam se concordam.

O Limoncello é um pequeno restaurante na Rua Nova do trindade, mesmo frente à porta principal do teatro. Só pela localização já se poderia fazer um bom agoiro.

Restaurante LimoncelloNuma zona nobre da cidade, ponto de referência de locais e estrangeiros, o Limoncello ainda assim corre o risco de passar despercebido. E isso não é obrigatoriamente uma coisa má. Se ficar casa para connoisseurs, no sentido de quem aprecia as coisas boas a preço justo, terá garantidamente clientela para o manter e com um sorriso nos lábios dos seus proprietários. Adiante.

Tínhamos mesa marcada para as 20. Chegámos à hora e fomos levados ao andar de cima. Sala curta junto à cozinha, bem arejada e iluminada graças às janelas que tomam toda a parede deixando ver a rua e quem passa… Também marca pontos com isso.

O que se vê é o esperado num restaurante de comida italiana. Da cadeira tradicional ao individual de ráfia que faz a vez da já mui batida toalha aos quadrados. Uns nichos iluminados nas paredes ajudam a compor um ambiente ao mesmo tempo mais requintado e caloroso dando ao espaço as cores que se querem ao jantar.

Chegados todos quantos iríamos comer, à mesa vem de imediato o azeite pingado a vinagre tinto, uma pasta (Seria de atum? Estava boa, foi toda) e umas azeitonas verdes. Tudo a seu tempo, somos então a escolher de entre uma larga lista (à primeira vista não esperaríamos tanta diversidade) que ia das tradicionais pizzas às carnes, passando pelas pastas e risottos. Felizmente não se deixou levar pela moda de dar aos pratos nomes com 4 parágrafos e 12 linhas… Teriamos frente a nós uma verdadeira lista telefónica… Das antigas.

Spaghetti Nero Quattro Formaggi no LimoncelloEscolhemos entre todos, 3 risottos distintos (de camarão, de cogumelos e vegetariano) e uma pasta, Spaghetti Nero Quattro Formaggi. Tendo optado por este ultimo prato, fiquei a pensar se teria sido a escolha correcta uma vez que grande parte das minhas experiências com “quattro formaggi” são decepcionantes, principalmente pela falta de equilíbrio nos queijos utilizados o que acaba por resultar em pratos demasiadamente fortes e enjoativos. Não foi o caso no Limoncello.

As doses muito bem servidas, pela quantidade e pela aparência, encantavam logo ao chegar. O Spaghetti Nero Quattro Formaggi cheirava verdadeiramente a queijo mas não denotando primazia de um deles, o que a mim muito me agradou. Estava perfeito também no sabor e na textura. Al dente como se quer o que, nas pastas negras nem sempre é facil de conseguir.

O risotto de camarão que provei estava igualmente delicioso. O arroz no ponto e o marisco sem ser regateado fizeram do prato outra das estrelas da noite. Sem provar mas ficando a nota de ouvido, o risotto vegetariano e o de cogumelos estavam, diz quem os comeu, também muito bons.

A refeição foi acompanhada com um Dão Tinto Casa de Santar 2008 que, como de costume, correspondeu às expectativas.

Durante o repasto, o acompanhamento da sala foi excelente, sem ser intrusivo ou maçador, ficamos com a sensação de que, se fosse necessário algo, estava ali alguém para ajudar.

sobremesas no limoncelloChegada a hora das sobremesas, imperava a indecisão. A sugestão da casa foi pronta e aceite de imediato: Um prato com algumas das especialidades caseiras ali servidas: Mousse de Chocolate, Pannacotta, Pudim de ovos e  o já clássico Tiramisu. De apresentação original, as sobremesas estavam ao nível dos pratos principais, todas muito boas. Ainda que o Tiramisu não fosse o doce favorito de nenhum dos presentes, serviu o prato para escolher o favorito de cada um, que fica como nota para próximas visitas. Por mim, a Mousse ou a Pannacotta são as eleitas.

Como na mesa havia quem não tolerasse o açúcar, adequa-se a oferta da casa ao gosto do Cliente e, veio à mesa uma manga fatiada que, sendo servida normalmente com um pó de açúcar, desta feita veio só.

Não havia o que não gostar no Limoncello.

Entre uns dedos de agradável conversa com o dono da casa, fomos presentados à mesa com um cálice de Limoncello e uma grappa para outros gostos, antes da chegada dos cafés. O já famoso “garoto clarinho” não veio tão “clarinho” como desejado mas, a prontidão para trazer um mais claro foi grande e imediata e uma coisa compensa a outra.

Concluindo, e da forma como comecei, numa apreciação global do Limoncello: Muito bom. A voltar em breve e, garantidamente, mais do que uma vez.

Restaurante Limoncello
http://www.limoncello-chiado.com
Tipo de cozinha: Italiana
Horário: Das 12:00 às 15:00 ao almoço e das 19h30 às 24:00 para jantar.
Preço médio: 20€
Morada:Rua Nova da Trindade nº 10 C
Telefone: +351 21 346 25 75
Pagamento: Numerário / Cartões

Entre conversas sobre as especialidades gastronómicas algarvias, um colega de trabalho disse-me há uns dias que devia visitar o restaurante «O Ideal».  Em Cabanas de Tavira, dizia ele, tens uma sopa no pão que é uma maravilha… Bem dito e melhor feito.

Um destes fins de tarde, com um casal amigo, numa praia sossegada perto de Altura, pesquisei na Internet e lá descobri o telefone d’ O Ideal. Eram 19 horas mas do outro lado da linha já nos diziam que reservas já só para depois das 21h30… E era uma terça-feira… Mas é Verão, o Sol deita-se mais tarde e é sempre uma boa razão para dar mais um mergulho.

Chegados a Cabanas de Tavira, damos connosco à porta do mesmo restaurante onde há uns anos atrás tentamos jantar com o Ricardo Bernardo e a Marta na noite em que os conhecemos. Não conseguimos mesa na altura, mas já dizia o Ricardo que era o melhor sitio para se comer por ali.

Chegada anunciada, não levou 5 minutos até que alguém gritasse à porta «A mesa dos 7 pode entrar!».

«O Ideal» é uma casa simples. À primeira vista, poderia facilmente passar por um café que serve refeições. Mas é mesmo só à primeira vista. Amesentados, vem a carta num instante enquanto ainda se ultima a mesa. Os ouvidos também comem e, da sopa no pão aos pasteis de polvo, as escolhas estavam quase feitas.

O que comemos n’O Ideal?

De entrada pedimos uns «Palitos de atum» com salada de feijão frade. Barriga de atum em tiras levemente panadas, com o dito do feijão servido fresco e bem temperado a acompanhar. Delicioso. Veio depois a famosa «Sopa do Mar», reservada logo ao telefone por sugestão da casa, é um deleite ao olhar, ao olfacto e ao palato. Num pão alentejano a que se cortou o topo e retirou o miolo, é servida uma sopa de peixe e marisco, cremosa e aveludada, muito rica em tudo o que anuncia.

Vieram por ultimo os igualmente celebrados «Pasteis de polvo com arroz de tomate». Os pasteis, próximos das muito famosas e nacionais «pataniscas», são de polvo cortado amiúde, cozinhado e posteriormente envolvido no polme indo à fritura. Serão escorridos ou secos convenientemente pois, ao contrário de muitas «pataniscas» que por ai se servem, estes pasteis não «pingavam» óleo de fritar. O arroz que os acompanhava, de tomate, «malandrinho», cozinhado ao ponto e com o tomate em dose certa, não denotando nem doce, nem acidez em demasia. Um esmero.

Restaurante O Ideal em Cabanas de Tavira

As doses, muito bem servidas, não deixaram vaga em nenhum dos comensais mas, ouvi por ai dizer, que a casa tem também um «doce de vinagre» que para a próxima não nos escapa.

O serviço foi, não só rápido, como prestável e atencioso, com um tom de simpatia que nem sempre se encontra pela restauração destas bandas.

O restaurante «O Ideal» passa a ser, garantidamente, um ponto obrigatório no Verão da família.

Restaurante O Ideal

Tipo de cozinha: Portuguesa
Horário: Encerra (a cozinha pelo menos) às 22h00 – Encerrado à Quarta-feira
Preço médio: 25€
Morada: Rua Infante D. Henrique, 15 – Cabanas de Tavira
Telefone: +351 281 370 232
Pagamento: Numerário / Cartões