E isto é mesmo muito a sério. Acreditem.

Tenho uma colega grega que, caso casasse com um português, veria a vida certamente muito facilitada. Tudo o que ela quer de momento é tirar a carta de mota. Só isso. Ela já tem carta de condução de ligeiros. Mas é uma carta grega… Pois. Isso aqui não vale de muito… Já vão entender porquê.

Aparentemente, cá por terras que já foram d’El Rei , ninguém conhece a Republica Helénica. Grécia ainda lá vai que não vai mas Republica Helénica? Não passaria pela cabeça de ninguém chamar Republica Helénica a um pais que se chama Grécia certo? Isso era o mesmo que chamar Reino dos Países Baixos à Holanda…

Eu percebo que, caso um documento de identificação, digamos, um Bilhete de Identidade, esteja escrito unicamente na língua original do seu pais, a coisa possa levantar questões. Nunca vi um Bilhete de Identidade da China (Republica Popular da China) mas imagino que, a estar todo em mandarim, seja complicado de o entender. No entanto, custa-me a perceber que, estando o referido Bilhete de Identidade claramente escrito também em Inglês (Inglês que raio, não é Cirílico), ninguém o entenda.

Há mais de duas semanas que vejo esta minha colega andar de porta em porta, lojas do cidadão, escolas de condução e outras que mais, só para se poder inscrever para tirar o raio da Carta de Condução de Mota.

Não é a primeira vez que ela me conta histórias, relacionadas com esta aparente ignorância nacional no que à Grécia se refere. De peripécias nos aeroportos à cabine da bilheteira da CP (sim, ela pode viajar por toda a Europa com o Bilhete de Identidade da Grécia mas, graças à nossa extremamente apurada politica de segurança , ela não pode ter um passe social da CP. Era só o que faltava…), não bastava já toda a gente lhe perguntar se é espanhola, ucraniana ou moldava (Deusas, ela é grega que raio. Não tem nada a ver) e ainda tem agora que (e por esta não esperavam vocês), solicitar à embaixada da Grécia em Portugal, um certificado em como a Grécia faz parte da União Europeia. É isso mesmo. A ultima coisa que lhe pediram foi, um certificado da embaixada grega confirmando que a Grécia faz parte da União Europeia.

Digam lá que não é lindo o nosso pais? Mais, o nosso pais onde, estudamos a cultura grega no ensino obrigatório (ao contrário de tantos outros em que certamente aceitam o Bilhete de Identidade da Grécia como um documento de identificação válido)… É lindo ou não é?

Se no fim de tudo isto eu vos disser que a minha colega, que está em Portugal há quase dois anos, fala perfeitamente português (daquele perfeitamente comprovado por exames feitos na universidade e tudo…), então ai, está o bolo composto, com cereja em cima e tudo não vos parece?

Nota: Segundo a Georgia, quando precisou de tratar do Numero de Identificação Fiscal (ao fim e ao cabo, ela precisa de pagar impostos certo?), não teve qualquer problema. Foi um instante e não houve quem não reconhecesse a autoridade da Republica Helénica…

E então? Quem quer casar com a grega? Nem que seja só por uns dias, para ela tirar a carta de mota e aproveitar para pôr outros documentos em ordem…

A edição de 1 de Novembro da revista The Economist apresenta uma capa que diz quase tudo. Aliás, a melhor forma de o dizer é, que no que a Barack Obama se refere, a capa desta edição da The Economist põe tudo preto no branco.

The Economist cover

Mas sobre Barack Obama, John McCain e as eleições norte-americanas, esta The Economist presenteia-nos com algo que facilmente se iguala ao valor desta tão simbólica e carregada de mensagem capa: O artigo It’s time.

A revista assume a sua posição: A The Economist não tem voto – escrevem eles – mas se tivesse, votava no Sr. Obama. Parecem tomar a posição do Mundo. Obama. Mas esclarecem logo de seguida dizendo que, por várias razões votar Obama é um risco. Sim, é um risco que a América deve correr mas não deixa de ser um risco. Barack é novo, inexperiente e com politicas por esclarecer mas mesmo assim, a The Economist escreve “Só por se tornar Presidente (Obama)… será bem mais difícil aqueles que semeiam o ódio no mundo islâmico acusar o Grande Satã sendo este liderado por um homem preto cujo nome do meio é Hussein…” e isto tem muito peso.

Mas a The Economist, entre muitas outras coisas, lembra neste artigo o Senador McCain, aquele que existia antes do candidato McCain. Aquele que, apesar dos seus 72 anos defendia politicas e ideias por vezes bastante adversas à ideologia e caminho do Partido Republicano. Lembram entre outras as suas campanhas contra os subsídios do etanol que fez pelo problema do aquecimento global mais do que a grande maioria dos Democratas…

A The Economist não cai na vulgaridade de dizer que um é bom e o outro é mau. Tira o chapéu a ambos mesmo espelhando a sua preferência. A grandeza desta revista está patente em cada linha deste artigo. Qual será a capa da semana que vem?

Não é meu hábito publicar por estas horas mas um colega acaba de me enviar um link para o video abaixo e, sinceramente, é daqueles que vale a pena ver. Fica também a forma como o tal colega o apresentou e acho que diz tudo:

Independentemente das vossas opções políticas, este discurso é bom.
Simples, sem promessas ou propostas, simplesmente com palavras mágicas como “Change” e “Hope”.