19. O muito antigo jogo GO tem, na sua versão mais popular, uma grelha de 19 por 19 casas.

19 anos de casados

GO é um jogo de estratégia para dois jogadores, em que essa mesma estratégia deve ter em conta um panorama global do tabuleiro, mesmo quando focados em disputas mais localizadas, e a interacção entre todas as peças, mesmo as mais distantes umas das outras.

Manter o balanço e saber gerir as diversas tensões que surgem em todo o plano de jogo é essencial, com a noção clara de que as jogadas numa ponta do tabuleiro podem influenciar as futuras jogadas na ponta oposta.

O jogador nunca pode esquecer que as decisões tomadas no inicio do jogo podem moldar situações a surgir centenas de jogadas à frente.

Outro ponto fundamental é ter a noção de que, por vezes, o jogador deve admitir algumas baixas tácticas se estas lhe conferirem uma vantagem estratégica.

Neste jogo, contrariamente a outros jogos igualmente famosos (como o Xadrez), o tabuleiro começa sem peças, há que ir preenchendo o espaço, do vazio para uma completude.

É um jogo baseado na ideia de construir. Peças individuais transformam-se em grupos e os grupos em estruturas orgânicas, fortes e flexíveis, que vivem e morrem. Com o continuar do jogo, por todo o tabuleiro, irão ocorrer transformações constantes, momentos de florescimento, momentos de decadência, derrotas e vitórias…

GO é um jogo aparentemente muito simples, mas na realidade é talvez dos mais complexos jogos alguma vez criados. Dizem alguns entendidos na matéria que o numero possível de jogadas no GO é superior ao numero de átomos observável no Universo…

Na nossa casa, há muito que o conceito de Universo deu lugar ao seu plural. Imaginem a complexidade do GO por aqui.

Amo-te, e para o ano, encontrarei uma forma ainda mais rebuscada de to dizer.

 

Aniversário de Casamento

Um jantar especial, um quarto de hotel, uma pensão de bairro, uma viagem ao estrangeiro ou mesmo ficar em casa, enroscados no sofa… Sim, já passámos por tudo isso no aniversário de casamento. Que diacho, são 15 anos. E 15 anos são muitos anos. Não são suficientes, não me entendam mal. Aliás, cada ano que passa, cada dia para ser mais sincero, mais me convenço que uma vida inteira não é suficiente.

Calendar Number 15

Acham que chega? Uma vida? Para duas pessoas se conhecerem, para duas pessoas se entenderem verdadeiramente? Não, na minha opinião não chega. Somos complicados por demais. Nós.

Há para ai quem se esforce para nos descomplicar (a nós, a toda a Humanidade). Há para ai quem se esforce em tornar as relações mais simples, mais práticas, mais “em conformidade com os tempos modernos” dizem… Mas a cada passo que dão nesse sentido, cada avanço que fazem, parecem ao poucos estar a destruir uma das coisas que mais faz de nós… humanos. Nós somos complicados diacho. Assumam lá isso de vez.

E querem melhor exemplo? Bem, haverá certamente, mas para mim, isso agora não interessa nada. Para mim, melhor exemplo que o nosso é impossível. Nós somos complicados. 15 anos de casados (também podia dizer 25 anos de namoro mas isso ainda iria complicar mais a coisa)…

Mas, se gostávamos de não ser tão complicados? Se calhar sim. Há momentos menos bons… Há por vezes momentos maus (uma silepse fica sempre bem nestas situações onde dizer que há momentos bons é claramente pouco), e há momentos… Ahhhh, aqueles momentos em que só apetece… Toda a gente tem momentos. E depois?

Depois pensamos que, se há 15 anos (ou há 25, como preferirem) que temos esses momentos (todos: os bons, os maus e os outros…), é porque efectivamente os queremos ter. Só pode ser por isso. E se os queremos ter, juntos, só nós (independentemente do mundo em volta – que fique claro – sabemos que existe), então a escolha acertada é esta, continuar a comemorar, a cada ano que passa, mais um aniversário de casamento. Concordas comigo amor?

p.s. Parabéns. Amo-te. Muito. Tu já sabes disso mas eu sei que sabe sempre bem ser lembrado.