Saidos que estávamos da visita à exposição do Hermitage (conto mais tarde), a fome apertava que a hora de almoço há muito já tinha passado. Já nos tinham falado do Restaurante Espaço Açores como sendo um muito bom restaurante de especialidades típicas do referido arquipélago e já que estávamos por perto lá fomos.


O tarde da hora não foi impedimento para o bom serviço que a cozinha só encerrava ás 15 horas (faltava ainda uma). Porta passada de imediato nos acompanharam à mesa junto à janela panorâmica de vista para o rio. Ainda que de cortina baixa que o sol batia mais quente do que o esperado numa tarde de Novembro, a mesa estava mesmo bem localizada. Aliás, pareceu-me pela disposição da sala que qualquer uma delas estaria. Adiante.

O sorriso nos lábios parecia imagem de marca entre os vários empregados da casa. Pronta carta na mão veio de imediato e com ela um queijo fresco coberto de uma certa massa de pimentão picante fazendo uma composição bastante apreciada. Acho que o nome dado à coisa é Queijo com Pimenta da Terra. Aconselha-se. Chegada à hora de pedir prontamente nos foi sugerida uma das especialidades da casa com a particularidade de que esta especialidade em questão só é cozinhada no primeiro fim-de-semana de cada mês. Sopas do Espírito Santo. O nome assustou de inicio pois que sopa não era o nosso intuito mas o engano foi desfeito. Não se trata de uma sopa mas sim de algo parecido com o famoso cozido à portuguesa mas deixando só a carne magra e o caldo com o qual se cobre uma boa fatia de pão ao fundo do prato e acompanha ainda com um pouco de repolho cozido no dito caldo. Não podia estar melhor. Mas ainda antes desta agradável surpresa veio o prato de peixe que, também por conselho da casa, foi um pedido às escuras: Polvo à regional. É certo que ninguém nos disse de que região se tratava mas também não era preciso. O dito vinha cortado em pequenos pedaços, cozido num molho que misturaria tomate e talvez também pimentão estando al dente mesmo como nós gostamos. Não sobrou nada para contar como foi.

Também a rega foi de escolha da casa. O calor que se fez sentir nessa tarde sugeria um branco fresco (estarei a perder-me?) mas a nossa escolha foi negada pois que vinhos brancos só mesmo dos Açores. O desconhecimento de tais vinhos pedia uma sugestão. Após apresentada a nossa preferência por brancos mais frutados a senhora que nos atendia então pediu que deixássemos por sua conta sendo que caso não fosse do nosso agrado não haveria qualquer problema. Para bom entendedor… A refeição fez-se então acompanhar por um Frei Gigante. Arinto, Terantês e Verdelho davam ao dito vinho uma frescura e um cheiro que a cada copo era capaz de pedir outro. Infelizmente fomos de imediato informados que a produção é muito pequena e a importação é cara como tal deve ser difícil achar o Frei Gigante nas prateleiras do costume.

Tudo a ser tão bom a sobremesa não poderia de forma alguma decepcionar. As sugestões da casa eram muitas e de nomes convidativos. O empregado que nos atendia na altura em jeito de humor para se livrar ao compromisso sugeriu que provássemos vários doces diferentes sendo que a escolha ficaria a seu critério. Assim foi. O Doce de Vinagre é de chorar por mais. Ovos coalhados em vinagre. Pode parecer estranho mas é realmente bom. A mousse de Maracujá é também divinal. Espessa o quanto baste e farta em sabor e sementes do fruto. Os Ovos Pardos faziam lembrar um certo doce algarvio (D. Rodrigo) mas tirando a parte do enjoo. Venham novamente. Por ultimo o pastel de feijão servido em dose reduzida e com aviso a acompanhar: é doce por demais. Confirma-se. Se para o paladar da Susana se tornou forte já para o meu foi um final feliz.

A pièce de résistance das nossas visitas gastronómicas tem sido sem dúvida, o garoto da Susana. Garoto é entendido na hotelaria como um café com leite, não muito escuro, servido em chávena de café expresso (bica). Simples não? Se pedido, claro, muito claro, chegando ao ponto de pedir uma chávena de leite quente com uma gota de café, parece-me então que não haverá motivo para engano. Lindo. Pela primeira vez nos foi trazida à mesa uma pequena leiteira (com o respectivo conteúdo aquecido) sendo sugerido que tirasse a tal gota do café que me tinha servido a mim. Perfeito. Pode não o ser no entendimento de alguns mas para nós foi efectivamente, perfeito.

Colmatando a visita ainda me foi perguntado se queria beber algum digestivo ao que após breve reflexão educadamente recusei. Estava satisfeito. O empregado não resistiu a perguntar ainda se gostava de amoras. O sim esperado resultou no que nós também já esperávamos. A oferta de um licor de amora que dificilmente esqueceremos.

Concluindo. O Restaurante Espaço Açores é um daqueles restaurantes que deve constar na lista de qualquer um apreciador de bom repasto não só pela qualidade da comida em si mas pela experiência que nos oferecem com a simpatia e cordialidade. Recomenda-se vivamente. Saimos de lá com um até breve.

Espaço Açores
Largo da Boa Hora
( Junto ao Mercado da Ajuda )
1300 – 098 LISBOA – PORTUGAL

Tel: 21 364 08 81 / 21 364 03 53
Telm: 93 348 37 25

4 thoughts on “Espaço Açores ali à Ajuda.

  1. A tua descrição é óptima,de crescer água na boca como diz a SS, mas diz-me lá quanto vale um jantar a dois……..

  2. SS vai lá que não te arrependes…
    Ana, não é nada de ir aos céus. Não é também o local escolhido para o almoço do dia-a-dia mas enfim… Com cerca de 50 euros fazem uma boa festa os dois… Só os dois ok? Os outros dois ficam em casa caso contrário talvez a coisa já não corra tão bem…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*