O crédito é uma coisa danada de boa. Só pode ser. Muito boa. Toda a gente quer crédito. Toda a gente tem crédito. Toda a gente oferece crédito. Só pode ser muito bom. E deve ser muito barato também porque tal como escrevi atrás, mesmo quem não tem dinheiro para mandar cantar um cego, tem crédito ou quer ter crédito.


Há uns dias atrás um familiar falava-me sobre o micro-crédito. Que tinha tentado aceder ao plano e não lhe tinha sido concedido. Que foi à sucursal de micro-crédito, que tratou de tudo tal e qual como lhe tinha sido solicitado e nada. Teve como resposta do seu banco que não lhe iriam emprestar dinheiro. E ao que me parece nem era assim tanto quanto isso. Aliás, era pouco. Daquele pouco que com um telefonema para uma qualquer Crédibom, Cetelem, Crédiplus ou Credi qualquer coisa, quase garantidamente o tem na sua conta bancaria em 24 ou 48 horas. A uma taxa elevadíssima é certo mas isso não interessa para nada a quem precisa de dinheiro rápido. Mas será possivel? Mas não se diz por ai dia sim dia sim, nos jornais e nas televisões, que o pais está sobre-individado? Que toda a gente esta a gastar mais do que ganha? Muito mais?

A verdade é que, sendo eu cliente do maior banco privado português e de um dos maiores bancos mundiais, nem um nem outro se lembrou do meu aniversário. No entanto, enquanto enquanto cliente de uma cadeia de mobiliário e detentor de um cartão de crédito emitido por uma dessas empresas de crédito rápido, recebi no meu telemóvel uma mensagem escrita desejando-me um feliz aniversário… E o que eu gosto dessas coisas.

As vezes um tipo até nem está a precisar de dinheiro mas recebe uma destas mensagens logo seguida de uma “transfira já não sei quantos mil euros para a sua conta. Diga que sim a esta mensagem” e pimba. “Epá, até dava jeitinho. Sempre comprava umas jantes novas e com sorte ainda dava entrada p’rós alerons… Manda lá vir isso.” E já está. Mais um crédito. Se a isso juntar-mos a televisão lcd de alta definição com 102 cm comprada a pagar em 72 vezes mais o sistema de home cinema a pagar em 3 anos, as férias de 2008 que começa a pagar só em 2009 e a mercearia, tudo junto dá origem ao próximo passo evolutivo (sim, que tal como costumo dizer, não devemos ser arrogantes ao ponto de pensar que o Homo Sapiens Sapiens é o expoente máximo da evolução) da humanidade: O Homo Creditus mais vulgarmente chamado de Homo Endividadus. E à grande.

E parece que não há maneira de fugir. Ele entra portas a dentro. Compre agora e pague só em 2008. Mas que raio. Eu quero pagar agora (as pessoas por vezes esquecem que o dinheiro pode ficar mais caro com o tempo). Mas porquê – perguntam eles – se pode pagar só para o ano? Porque 1000 euros agora não é obrigatoriamente igual a 1000 euros daqui a dois meses ou três. Mas será que não entendem? Ah e tal. 10 vezes sem juros. Certo. Mas ninguém se lembra do problema do sem juros? É sem juros não custa nada. Pois que não custa. Mas por ser barato, quase dado, só 100 euros por mês, venha mais um em igual condições. Vantajosas pois claro. Sem juros a pagar em 2 anos. Mais 250 euros por mês. E mais um e outro e ainda outro… E aquele que é mesmo o melhor, o tal computador fantástico, topo de gama, 40 euros por mês e sem entrada. Pois. Quantos meses? Isso agora não interessa nada. É claro que a daqui a 5 anos, quando já só faltarem outros 5 para acabar de pagar o tal topo de gama, o raio da máquina já não vale nada e o melhor será pensar em aderir aquela outra promoção fantástica com o tal computador fantástico, topo de gama, 400 euros por mês e sem entrada.

4 thoughts on “O crédito, le credit, the credit…

  1. É giro o teu discurso!!!

    1º vindo de quem vem….

    2º a publicidade do google entre texto tem tudo a ver!!!

    Toma lá uma beijoca!!!!

    E venha de lá mais uns créditos!!! O gajos existem é para isso mesmo!!!!

  2. Juro que esperava que o teu comentário fosse o primeiro. E mais, até estava certo que irias escrever algo do género “… vindo de quem vem…”. Uma coisa é estourar tudo a que tens direito outra coisa é não ter nada e pedir a alguém para estourar um pouco mais…

  3. Caramba!! Ele picou-se!!!! Não sejas tonto que estou a entrar contigo!!! Eu, que sou um gaja poupada!! e nem devo nada a ninguém!!!!!!

    Bincadeira!!!

  4. Pi, pi, pi quê??? Não me piquei nada que raio… Aliás, eu também sou um gajo poupado. Não me poupo a despesas quando quero comer bem por exemplo… E ainda tenho ai uns sítios novos para publicar…

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